A floresta em pé
A floresta é um bom exemplo de como a vida acontece de forma interdependente. Seu ciclo de vida é uma teia ordenada que envolve cooperação e relações entre as espécies.
Na floresta, cada uma das espécies possui necessidades específicas de alimento, abrigo e reprodução, que são atendidas na interação com outras. As plantas são polinizadas por pássaros e insetos. Estes se alimentam dos frutos, de outros pequenos animais e do solo rico em micro-organismos. As águas dos rios e das chuvas complementam o ciclo.
No Brasil, essa riqueza biológica está associada a uma grande diversidade sociocultural, representada por mais de 200 povos indígenas e por inúmeras comunidades tradicionais (quilombolas, extrativistas, pescadores, agricultores familiares, entre outras), que retiram da floresta o seu sustento e usufruem dos benefícios que a biodiversidade oferece, devolvendo à sua região os recursos que geram desenvolvimento e bem-estar às comunidades.
Por viver na floresta e da floresta há séculos, essas comunidades são detentoras de um conhecimento passado de geração em geração e de agrossistemas de manejo e conservação da biodiversidade. Elas interagem com a floresta ao habitar nela, extrair dela seu alimento, ao fazer uso de plantas para a produção de medicamentos e cosméticos, ao cultivar ou extrair ativos para comercializá-los e garantir a renda familiar. Fazem isso respeitando os ciclos e o calendário natural: o tempo certo de plantar e colher, a estação das chuvas, a estiagem, a seca.
O uso sustentável da biodiversidade, portanto, passa não somente pela conservação das espécies, mas também pelo respeito às culturas locais e atividades tradicionais dos povos da floresta. Somente assim é possível implantar um modelo de sustentabilidade, no qual suas três dimensões são consideradas: a social, a econômica e a ambiental.
Mas há ameaças. O desmatamento, as queimadas e a exploração predatória, entre outros fatores, representam um modelo de desenvolvimento econômico que tem ultrapassado os limites dos ciclos naturais, indispensáveis à estabilidade dos ecossistemas.
Manter a floresta viva, produtiva e equilibrada exige o envolvimento de indivíduos, empresas, governos, comunidades e organizações da sociedade na busca por soluções sustentáveis. A conservação da biodiversidade, neste contexto, é tarefa urgente para garantir a adaptação dos seres vivos, incluindo o próprio homem, às transformações que ameaçam a sobrevivência da vida no planeta.
Este é o objetivo do Ano Internacional da Biodiversidade.
Veja um exemplo de perdas na floresta
É impossível saber o número exato de espécies vivas no planeta, o que também impede quantificar as perdas geradas pela interferência humana. Como exemplo, a WWF Brasil afirma que, a cada ano, aproximadamente 17 milhões de hectares de floresta tropical são desmatados. As estimativas mostram que, se não interrompermos essas perdas, entre 5% e 10% das espécies que habitam as florestas tropicais poderão estar extintas nos próximos 30 anos.
Foto: Sabiá, São Paulo. © Claudio Tavares/ISAFonte: http://www.natura.podbr.com/p/biodiversidade/ciclo-floresta.html
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